O Papa Leão XIV foi convidado a participar da COP 30, a conferência do clima marcada para novembro, em Belém. O convite partiu do cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e um dos participantes do conclave que elegeu o novo pontífice.
Embora tenha reconhecido que o tempo para organizar a visita possa ser curto, o cardeal afirmou estar confiante de que o Papa virá ao Brasil. Em entrevista à CNN Brasil, Steiner descreveu Leão XIV como um homem aberto ao diálogo, sereno e profundamente comprometido com os mais pobres.
“Ele vinha para o Brasil porque iria pregar no nosso retiro dos Bispos, em Aparecida (SP), e depois iria visitar Salvador, porque queria conhecer. Eu não sei se para a COP ele virá, mas certamente não foi só eu, e outros Bispos devem tê-lo convidado. Se ele virá, eu não sei dizer, porque já está bastante ‘em cima’, mas é claro que um dia ele virá ao Brasil. Ele já esteve aqui várias vezes”, afirmou Steiner.
O Papa Leão XIV mantém uma relação próxima com a atual liderança da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ele havia adquirido passagens para visitar o Brasil no final de abril, com o intuito de participar da Assembleia Geral dos bispos brasileiros, mas o compromisso foi cancelado devido ao falecimento de Francisco. Leão XIV é amigo pessoal de Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB. Na quinta-feira, o secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, já havia mencionado a possibilidade de sua participação.
“Como a COP será realizada na Amazônia e contamos com um cardeal da região, Dom Leonardo Steiner, é provável que os cardeais no Vaticano estendam o convite ao Papa”, declarou Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB, à CNN Brasil. Ele acrescentou que o Papa Francisco já havia demonstrado interesse pelo evento, considerando a causa ambiental como um de seus temas centrais.
Legado ambiental de Francisco
A encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), um dos documentos mais significativos do pontificado de Francisco, aborda de forma detalhada e crítica a relação entre o ser humano e o meio ambiente. O texto também reflete as preocupações do Papa com a questão e alerta sobre o impacto das mudanças climáticas, que afetam principalmente os mais pobres.
“Uma especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo”, destaca o documento.
“Temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente”, escreveu Francisco em outro trecho.
O Papa Leão XIV, visto como um Pontífice apto a dar continuidade às reformas iniciadas por Francisco, destacou, em sua primeira missa como novo líder, os perigos do “culto à tecnologia, ao dinheiro e ao poder”. Em 2015, nas redes sociais, Leão XIV compartilhou uma postagem sobre uma passeata em que participou em defesa do meio ambiente, afirmando: “O Planeta precisa de nós”.
