Cientistas do Laboratório Nacional de Oak Ridge (ORNL), no Tennessee (EUA), estão prestes a transformar o mercado com uma inovação no resfriamento. A nova tecnologia promete ser mais eficiente do que os ventiladores e aparelhos de ar-condicionado tradicionais e, além disso, mais sustentável.
Entenda mais essa história
O resfriamento em estado sólido funciona por meio de um material capaz de dissipar calor quando exposto a um campo magnético. Esse efeito magnético provoca uma mudança em sua estrutura em um fenômeno chamado “processo magnetocalórico”, no qual o calor é absorvido e posteriormente liberado, resultando no resfriamento do ambiente.
Esse material inovador é uma liga composta por níquel, cobalto, manganês e índio. Sua capacidade de adaptação térmica se deve a uma configuração atômica conhecida como vítreo ferroico, permitindo que ele mude de forma conforme a quantidade de calor absorvida.
Durante esse processo, a estrutura celular da liga exibe um padrão sincronizado de vibrações e ondas magnéticas. Ao intensificar o campo magnético aplicado, o material pode ampliar significativamente sua eficiência térmica, chegando a triplicar sua capacidade de controle da temperatura ambiente.
Como funcionaria na prática?
Por se tratar de uma tecnologia ainda em fase experimental, não há definições concretas sobre sua aplicação prática. No entanto, a proposta é que essa inovação substitua completamente os sistemas de ar-condicionado tradicionais, seja por meio da substituição de alguns componentes ou pelo desenvolvimento de um novo dispositivo.
Diferente dos aparelhos convencionais, o resfriamento em estado sólido se destaca como uma alternativa mais ecológica, pois elimina a necessidade do uso de gases para a troca de calor. Os climatizadores atuais dependem de substâncias que, embora essenciais para seu funcionamento, podem ser prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana. Apesar da existência de opções mais seguras, como o gás R32, ainda não há um método 100% sustentável para operar um ar-condicionado.
Além de solucionar essa questão, o resfriamento em estado sólido oferece um funcionamento significativamente mais silencioso do que os modelos tradicionais. Com isso, torna-se uma alternativa mais saudável, sustentável e prática para uso tanto em residências quanto em espaços industriais.
Futuro do resfriamento
Essa tecnologia não se destaca apenas por transformar o resfriamento de ambientes, mas também por sua aplicação em dispositivos eletrônicos.
Atualmente, já estão em desenvolvimento sistemas de controle térmico para computadores que utilizam essa mesma liga. O primeiro exemplo foi apresentado pela Frore Systems durante a Consumer Electronics Show (CES) de 2024.
O grande diferencial desse avanço é a capacidade de resfriar eletrônicos sem a necessidade de ventiladores. Atualmente, os water coolers são amplamente utilizados em máquinas de alto desempenho, mas, com a popularização do resfriamento em estado sólido, esses componentes podem se tornar obsoletos – liberando mais espaço dentro dos gabinetes e simplificando o design dos dispositivos.