A menos de um ano das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o programa Gás do Povo, que visa fornecer botijões de gás gratuitos a famílias de baixa renda. À primeira vista, a iniciativa parece atender a uma necessidade concreta: milhões de brasileiros ainda enfrentam o alto custo do gás de cozinha ou utilizam lenha para preparar suas refeições, expondo-se a riscos de saúde. O programa, que substitui o Auxílio Gás, promete eficiência, transparência e distribuição direta nas revendas credenciadas.
No entanto, o contexto eleitoral desperta questionamentos. Lula já afirmou que quanto mais ele ajuda os pobres e estas pessoas começam a ganhar dinheiro, trabalhar e estudar, mais conscientes politicamente elas se tornam, o que pode reduzir o número de votos que ele receberia no futuro. Além disso, durante a campanha de 2022, o presidente prometeu que o povo voltaria a comer “picanha com cervejinha”, uma promessa que se tornou um símbolo de sua campanha. No entanto, dados recentes indicam que o preço da picanha aumentou significativamente desde então, contrariando a expectativa gerada pela promessa.

Diante desse histórico e da proximidade do lançamento do programa com o pleito — menos de um ano antes das eleições — setores da oposição e analistas cogitam que medidas como o Gás do Povo, mesmo com benefícios reais, possam ter também efeito eleitoral, ainda que não haja confirmação disso.
O alcance do programa é significativo: 15,5 milhões de famílias, cerca de 65 milhões de botijões por ano, com custo previsto de mais de R$ 5 bilhões em 2026. O investimento atende a uma necessidade real, mas a coincidência do momento do lançamento, somada às declarações do presidente e ao histórico de promessas simbólicas, gera discussão sobre como políticas sociais podem influenciar a percepção pública e o comportamento eleitoral.
O debate é legítimo: políticas públicas são essenciais para enfrentar desigualdades, mas seu lançamento próximo a um período eleitoral naturalmente desperta atenção e suscita suspeitas. O Gás do Povo cumpre uma função social importante, mas a coincidência entre o momento do programa, a própria percepção de Lula sobre consciência política e seu histórico de promessas grandiosas convida à reflexão sobre impactos políticos potenciais.
A responsabilidade é dupla: do governo, garantindo que programas sociais atendam quem realmente precisa, e da sociedade, avaliando criticamente como medidas assistenciais podem ser percebidas politicamente. O Gás do Povo pode ser uma política eficaz ou simplesmente coincidir com interesses eleitorais, e cabe ao eleitor ponderar esses aspectos na hora de decidir seu voto em 2026.
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