RESUMO DESSE CONTEÚDO
Em novembro de 2025, Belém do Pará sediará a COP 30, a mais importante conferência mundial sobre mudanças climáticas — e será a primeira vez que o evento ocorrerá na Amazônia. Apesar da relevância, mais da metade dos brasileiros ainda desconhece que o país será sede. Diante disso, a LUONA assume o compromisso de realizar uma cobertura completa do evento, antes, durante e depois, com conteúdos acessíveis e informativos.
A missão da LUONA é aproximar a população dos debates ambientais, traduzindo temas técnicos em linguagem simples. Serão abordados tópicos como a importância da COP, os impactos das mudanças climáticas no Brasil, o papel da Amazônia e da sociedade, além de análises, bastidores e monitoramento dos acordos firmados. Para a LUONA, informar é agir — e o futuro do planeta é agora.
Conteúdo resumido pela LUONA para vídeo.
De 10 a 21 de novembro de 2025, Belém (PA) será palco da COP 30, reunindo representantes de quase 200 países, especialistas ambientais e líderes globais. O encontro marca os 30 anos da primeira Conferência das Partes (COP), reforçando a importância do diálogo internacional no enfrentamento das mudanças climáticas.
O Brasil teve um papel marcante na história da luta global contra as mudanças climáticas. Em 1992, o Rio de Janeiro foi palco da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO-92. Na ocasião, mais de 150 países assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), um acordo que estabeleceu as bases para a cooperação internacional no enfrentamento da crise climática.
Em vigor desde 1994, a UNFCCC deu origem à COP (Conferência das Partes), realizada anualmente como o principal evento da ONU voltado às questões climáticas. A primeira edição da COP aconteceu em 1995, na Alemanha, dando início a uma série de encontros globais que vêm moldando as políticas ambientais no mundo.
Decisão do Brasil como sede
No final de 2022, antes mesmo de assumir oficialmente a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva participou da COP 27, realizada no Egito, como convidado especial. Durante sua presença, reforçou o compromisso de campanha de combater o desmatamento e reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).
Na ocasião, Lula destacou que o Brasil voltaria a ter um papel ativo nos fóruns multilaterais, especialmente nas discussões sobre mudanças climáticas. Ele relembrou a importância histórica das conferências sediadas no país, como a ECO-92 e a Rio+20, e anunciou a intenção do Brasil de se candidatar para sediar a COP 30 em 2025.
Segundo o sistema de rodízio de sedes da COP, organizado pela ONU, a edição de 2025 deveria acontecer na região da América Latina e Caribe. Com isso, Lula iniciou articulações com países vizinhos e alinhou a proposta com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fortalecendo a candidatura de Belém para receber o evento.
Em janeiro de 2023, logo após assumir o governo, o Brasil oficializou a candidatura de Belém para sediar a COP 30, enviando a proposta ao Secretariado da UNFCCC. Quatro meses depois, o presidente Lula anunciou que a candidatura havia sido aprovada pelo comitê, restando apenas a definição da data oficial do evento.
Quando será a Cop 30?
A COP 30 será realizada oficialmente entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025. A data foi anunciada durante a sessão plenária da COP 28, realizada em Dubai, quando o Brasil foi formalmente confirmado como país-sede do evento e a cidade de Belém, no Pará, foi escolhida como anfitriã da conferência climática.
Embora o Brasil tenha certa autonomia para definir a data da conferência em conjunto com a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), é tradicional que a COP aconteça em novembro. Isso garante um intervalo de um ano entre as edições, o que facilita a atualização das negociações globais e proporciona previsibilidade ao calendário diplomático internacional — fatores determinantes para a escolha do período em que será realizada a COP 30.
Desde sua participação na COP 27, no Egito, o presidente Lula tem destacado o papel crucial da Amazônia e das demais florestas tropicais no enfrentamento das mudanças climáticas. A partir desse posicionamento, o governo intensificou os esforços para garantir que Belém sediasse o maior evento climático das Nações Unidas.
Desafios estruturais
Um dos principais desafios enfrentados pelo governo na preparação da COP 30 em Belém é a falta de leitos disponíveis para acomodar os participantes. A situação se agravou a ponto de a própria UNFCCC solicitar ao governo brasileiro medidas para conter a disparada nos preços dos aluguéis na região, provocada pela alta demanda gerada pelo evento.
No site oficial da UNFCCC, já estão disponíveis orientações gerais sobre hospedagem, transporte e alimentação durante a conferência. No entanto, muitas dessas informações ainda estão pendentes de confirmação por parte da organização e da presidência da COP 30, como é o caso da programação oficial e das acomodações para os participantes.
Brasil adianta reunião de líderes mundiais
Devido à previsão de alta demanda na rede hoteleira de Belém, o governo decidiu antecipar a realização da Cúpula de Chefes de Estado da COP 30 para os dias 6 e 7 de novembro, antes do início das atividades principais, que ocorrerão de 10 a 21 de novembro. A mudança no calendário foi anunciada pelo secretário extraordinário para a COP 30, Valter Correia, responsável pela organização do evento.
“A decisão de antecipar a cúpula é uma escolha do Brasil. Ela nos dá mais tempo para reflexão, sem a pressão sobre a infraestrutura da cidade ou da rede hoteleira, além de possibilitar uma melhor organização da abertura oficial”, explicou Correia.
Após a escolha de Belém como sede e a identificação de desafios de infraestrutura, o Rio de Janeiro foi cogitado como alternativa. No entanto, a vontade política de manter o evento na Amazônia prevaleceu, e outras soluções estão sendo implementadas para receber mais de 50 mil pessoas na cidade.
Embora a Cúpula dos Chefes de Estado não ocorra simultaneamente às atividades principais, ela é uma parte crucial do evento. Esta reunião estabelece as diretrizes da conferência e permite que os países apresentem seus compromissos nacionais no combate às mudanças climáticas. Além disso, oferece uma oportunidade para os líderes políticos trabalharem em agendas multilaterais, promovendo a cooperação global. Embora muitos discursos sejam protocolares, os acordos feitos nessas reuniões são fundamentais para as negociações técnicas e ministeriais que seguirão nos dias subsequentes.
Acordo de Paris na COP 30
O ano de 2025, marcado pela realização da COP 30, será um ponto crucial na implementação do Acordo de Paris. Há cinco anos, os países membros enviaram seus compromissos climáticos nacionais (NDCs, na sigla em inglês). Antes da COP 30, os signatários do tratado contra as mudanças climáticas devem atualizar suas metas de redução de gases de efeito estufa, um aspecto central do Acordo de Paris. Até o momento, apenas 10% dos 196 países enviaram suas contribuições atualizadas.
Portanto, a COP 30 será a primeira conferência após a entrega das novas NDCs, sendo um momento chave para os Chefes de Estado apresentarem seus avanços e defenderem suas metas para cumprir o objetivo coletivo de limitar o aquecimento global a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.
O tema do aquecimento global e da redução das emissões de gases de efeito estufa continuará sendo o foco central durante os debates técnicos e as discussões populares que ocorrerão entre 10 e 21 de novembro de 2025. O Acordo de Paris permanece como o tratado mais significativo da ONU no combate às mudanças climáticas.
Programação da COP 30
Até o momento, as autoridades ainda não divulgaram um calendário oficial com as atividades da COP 30. Contudo, já está confirmada a antecipação da Cúpula dos Chefes de Estado para os dias 6 e 7 de novembro.
Esse será o primeiro momento importante da COP 30, quando os países terão a oportunidade de mostrar seu compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa. Com base nas estratégias e declarações de liderança dos países, as delegações apresentarão suas contribuições e buscarão firmar acordos para atingir as futuras metas climáticas.
A COP 30 ocorrerá oficialmente de 10 a 21 de novembro, e será dividida em duas fases distintas. Na primeira, de 10 a 15 de novembro, os debates serão mais técnicos, com as delegações trocando informações sobre financiamento climático, metas de redução de emissões, adaptação e mitigação de impactos climáticos, entre outros assuntos.
De 16 a 21 de novembro, as discussões focarão em consolidar as negociações iniciadas na fase técnica. Durante esse período, ministros e representantes governamentais trabalharão para firmar acordos e tomar decisões políticas importantes para o futuro climático global.
Temas esperados na COP 30
Embora a agenda detalhada ainda não tenha sido divulgada, espera-se que diversos temas estejam no centro das discussões. A escolha de Belém como sede da COP 30 destaca a Amazônia como um símbolo para o governo brasileiro na luta contra o desmatamento, com a justiça climática sendo um dos principais tópicos.
Outro fator importante que motivou a realização da conferência na região amazônica é a proximidade com os povos originários. A COP 30 contará com iniciativas inovadoras que envolverão diretamente os saberes e práticas das comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas.
A transição dos combustíveis fósseis para fontes renováveis será um dos principais tópicos das discussões multilaterais. Espera-se, ainda, a apresentação de um modelo de embarcação movida a hidrogênio verde, fabricada no Brasil.
Com os desafios enfrentados ao longo deste ano, a COP 30 deverá colocar o financiamento climático como um dos temas centrais nas discussões. Desde a COP 15, os países desenvolvidos se comprometeram a contribuir com um fundo global para apoiar políticas de combate às mudanças climáticas em países em desenvolvimento. Esse tema tem sido uma das principais bandeiras do presidente Lula, desde sua participação na COP 27 no Egito.
Além disso, outros setores, como o turismo, também terão destaque nas discussões. O ecoturismo cresceu consideravelmente no século 21 e, quando devidamente regulado, pode ser uma importante ferramenta na preservação das áreas florestais.
O presidente da COP 30, André Correa de Lago, afirmou em sua carta de apresentação que 2025 será um ano decisivo para alterar a trajetória de aquecimento global. O principal lema da conferência, de acordo com Lago, será fortalecer o multilateralismo e renovar os compromissos com a proteção do meio ambiente.